CAPÍULO IV – CIDADÃO ATIVOS: A Revolta da Vacina
Livro: Os Bestializados - José Murilo de Carvalho
Objetivo: Analisar a composição e as motivações justificadoras da Revolta da Vacina:
1o aspecto importante – 80% da população do Rio de Janeiro não tinha acesso a cidadania.
à Mas, o fato não significa que a população não estivesse atenta e disposta a defender o seus interesses
2o aspecto – Contexto da política nacional
Em 1904 – Presidente Rodrigues Alves (substituiu Campos Sales)
Campos Sales realizou um governo anti-popular à recessão; redução do meio circulante; contenção de gastos do governo e aumento de imposto à Conseqüência: insatisfação por parte dos proprietários e desemprego
Rodrigues Alves – a partir de um programa intensivo de obras públicas (com financiamento externo) à iniciou processo de recuperação econômica.
n PROGRAMA DE OBRAS: Obras de Saneamento e de Reforma Urbana do Rio de Janeiro
Destacam-se duas figuras:
n Engenheiro Pereira Passos – nomeado Prefeito;
n Médico Oswaldo Cruz – Diretor do Serviço de Saúde Pública
OS DOIS RECEBERAM PODERES QUASE DITATORIAIS
n PEREIRA PASSOS ESTABELECEU UM AMPLO PROGRAMA DE REFORMA URBANA ABRINDO AVENIDAS, DESAPROPRIANDO CASAS, DERRUBANDO PRÉDIOS
Dados: contratados cerca de 1800 operários;
Derrubados 640 prédios
Obras no Porto
Como um todo: obras se iniciam em 1903 e se intensificam em 1904 (Setembro: inauguração do eixo da Avenida Central) à contava com serviços de bondes e inauguração elétrica
No âmbito da saúde: Oswaldo Cruz enfrentou:
1o – febre amarela - extermínio do mosquito;
isolamento dos doentes;
2o – peste bubônica – exterminação de ratos e pulgas;
limpeza e desinfecção de ruas e casas
AÇÃO EXIGIA visitas às casas, interdições, cobrança de medidas sanitárias
Exemplo: no 2o semestre de 1904 – 153 ruas visitadas, 110 224 visitas domiciliares, 12 971 intimações, 626 interditos
RESULTADO DIRETO SOBRE A VIDA DAS PESSOAS: principalmente operários e donos de cortiços e casas de aluguel
3o passo enfrentar a varíola – desde 1801 foi introduzida a vacina de Jenner e várias leis para a obrigatoriedade da vacina foram estabelecidas, embora nem sempre pegaram (penas de multa)
29 de junho – Senado aprovou projeto de obrigatoriedade
18 de agosto – Câmara também aprovou o projeto
Lei apresentava um problema: tinha apenas 2 artigos
1o – tratava da obrigatoriedade;
2o – indicava que medidas regulamentares seriam baixadas para a aplicação.
A FALTA DE CONHECIMENTO AUMENTAVA A RESISTÊNCIA:
à POSITIVISTAS: tenente-coronel Lauro Sodré, major Barbosa Lima e do deputado Alfredo Varela
Ainda tinham-se os Jornais de oposição: Correio da Manhã e Commercio do Brazil
MOTE DA CAMPANHA DE OPOSIÇÃO: era o direito do povo de resistir à vacinação, pois a lei era anticonstitucional
POSITIVISTA, por sua vez, afirmavam:
a) Comte teria sido contrário à teoria microbiana das doenças;
b) Intromissão do governo no domínio da saúde à reservado ao poder espiritual
SITUAÇÃO: Jornal o Paiz publicou em 14 de outubro entrevista com J.J. Seabra (Ministro da Justiça) declarando que a vacina seria aplicada com prudência e sem vexames e atropelos.
NO ENTANTO:
Cerca de 15 mil assinaturas foram colhidas contra a obrigatoriedade. Estima-se que 10 mil de pessoas que se diziam operárias
O ESTOPIM:
No dia 10 de novembro, Jornal a Notícia publica nota de reunião realizada por Oswaldo Cruz e seus assessores, onde se previa várias sanções contra aqueles que não recebessem a vacina:
Além disso, o atestado de médico particular só seria aceito com firma reconhecida e seria utilizado para: matrícula em escola, emprego público, doméstico e em fábricas, hospedagem, casamento, voto, etc.
HOUVE IMENSO ALARIDO
Nos dias 11 e 12 o Jornal A Notícia entrevistou membros do governo, que desmetiram o documento, mas a revolta estava nas ruas.
CRONOLOGIA
Dia 10 de novembro – meetting de estudantes (Rua do Ouvidor) à estudante Jayme Cohen foi intimado a ir para a delegacia à População reagiu à prisão
Perto da Praça Tiradentes – conflito entre manifestantes e polícia (15 presos – dos quais 5 estudantes)
Dia 11 – Largo São Francisco – (episódio das bombinhas) – correria até a Praça Tiradentes e o largo do Rosário (18 pessoas presas)
Dia 12 (sábado) reunião para formação da Liga contra a Vacinação.
-Encenação de garotos leva a ataque da polícia e troca de agressões (foram utilizadas bombas de brinquedo e depois, tiros de revólver) - após às cinco da tarde
Às oito (Centro) – reunião. 4 mil pessoas (todas as classes, incluindo militares). Discurso Lauro Sodré e Barbosa Lima – pediram resistência com prudência.
Multidão se encaminho à Lapa e Glória. (episódio de Vaias, tiros)
Cavalaria na rua e recolhimento de alunos da Escola de Tática do Realengo.
13 de novembro (domingo) – Conflito mais violento. Povo convocado pelo Correio da Manhã para Praça Tiradentes. Acompanhar votação de substitutivo.
Apedrejamento ao carro do chefe da polícia. Polícia descarregou sobre a multidão. Luta se espalhou pelas ruas adjacentes
Bondes foram atacados. Foram quebrados combustores de gás e cortados fios de iluminação
SURGIRAM AS BARRICADAS. Adesão de Prostitutas. Ataques às delegacias, quartel de cavalaria (na Frei Caneca). Assaltos ao gasômetro e companhias de bondes. Árvores foram arrancadas.
Tiroteio penetrou a noite. 22 bondes destruídos, 100 combustores danificados, 700 inutilizados. Vários populares e 12 praças feridos e pelo menos um morto.
Dia 14 – região de Sacramento e Saúde – 2a Delegacia foi tomada, cerca de 2 mil manifestantes se entrincheirados (jornal do Commercio)
À noite – conflito entre Cavalaria e populares. 3 mortos (rua do Regente)
Na região Central - tiroteio entre guardas civis e soldados do Exército (comandados por Varela)
Cidade dividida em três setores (Marinha, Exército e Polícia)
Trens buscaram reforços de São Paulo e Minas Gerais (pág. 107)
Tropas do Exército se insurgem (Escola Militar da Praia Vermelha)
300 cadetes marcharam. Parte das tropas de repressão aderiram aos revoltosos. Lauro Sodré desapareceu.
3 mortos e vários entre revoltosos. 32 feridos do lado do governo
15 de novembro – continuidade dos conflitos. Novidade. Cerca de 600 operários fizeram barricadas e atacaram a 19a Delegacia. Um cabo da guarda foi morto
Reforços chegam. Possibilidade de bombardeio por parte da Marinha
16 de novembro – Estado de sítio
Tomada da região chamada de Porto Artur. Utilização do couraçado Deodoro. Prisão do Prata Preta (pp. 110 e 111)
Líderes: Prata Preta; Manduca Pivete; Bombacha; Chico da Baiana
Dia 18 – cidade quase que voltara ao normal. Tiroteio: 3 mortos e 80 presos..
Do dias 18 a 23 – Polícia fez varredura das ruas e prendeu suspeitos. Enviando muitos deles para a Ilha das Cobras. Dia 23, número de presos chegava a 700.
A HISTÓRIA DA REVOLTA DA VACINA
O autor procura demonstrar que de acordo com a forma como agiu, por um lado, a policia (não fichando todos os detidos na Revolta) e, por outro, a imprensa, que de forma geral, não atribuiu um caráter popular à revolta da Vacina, criou-se um pano de fundo para desqualificar o movimento.
Assim, se revoltaram os desordeiros, ladrões. Alguns estrangeiros anarquistas. O “bom povo” se recolheu à sua casa e esperou tudo acabar.
Era a deslegitimação do movimento, o que, por sua vez, deslegitimava as reivindicações e tensões sociais.
Motivações
Havia um conjunto de motivações (sociais, econômicas e políticas) que se encontravam diluídas por uma sociedade fragmentada.
Mas, foi o componente moral (expor braços e colos das esposas e filhas) que criou o caldo de cultura, a partir do qual as tensões sociais, econômicas e políticas se fizeram sentir.
Por essa razão, é necessário olhar com atenção a Revolta da Vacina, observando a diversidade de atores e os anseios expostos.
Val se vc quiser posso te mandar resumos de outros textos que tenho ok!
ResponderExcluirBjs