sábado, 30 de outubro de 2010

Iluminismo resenha

Tema:    ILUMINISMO


texto para A.C. - Francisco José Calazans, Cap.s 8, 9, 10 e 11

O texto de Calazans aborda dois pontos importantes: i) a relação entre o Iluminismo e a Enciclopédia; e ii) a relação entre Iluminismo e Revolução.


1 - A Enciclopédia


“A Imagem do Iluminismo... é indissociável da Enciclopédia...”

         Destaque: O ideal da Enciclopédia é antigo, mas foi com a Renascença que ganhou impulso em função do contexto de Humanismo e das grandes viagens.

         Temendo a fragmentação do conhecimento, os humanistas buscavam  sistematizar os conhecimentos centrados no homem.

         Mas,

         OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: A Enciclopédia do século XVIII se mostrou mais agressiva e polêmica, procurando ser algo mais que um simples dicionário

         Para Calazans --> duplo objetivo:
1.sistematização inteligível do saber;
2.máxima exatidão empírica;

         ENCICLOPÉDIA FOI TAMBÉM UMA VERDADEIRA PROFISSÃO DE FÉ: o esforço sistemático de oferecer a concepção mais atual ou seja:

         o “... dictionnaire raisonné des sciences, des arts e des métiers, pour une société de gens de lettres.” (pag. 81)

         “o dicionário racional das ciências, das artesmemdasmprofissões, por uma sociedade das letras”


         Em resumo, a ENCICLOPÉDIA ocupa um duplo papel:

1.síntese dos conhecimentos;
2.veículo de divulgação;

         REPRESENTA, portanto: uma luta para garantir o progresso infinito da humanidade

         Diderot e D´Alembert se tornaram seus mais eloqüentes representantes


         Foi veiculada de 1751 a 1766, sendo proibida em 1752 e 1758, quando por pressão da Igreja o Monarca a proibiu. Mas a proibição serviu para aumentar a curiosidade em torno dela.


         SEU DESENVOLVIMENTO NÃO DEIXOU DE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO O MUNDO DAS MÁQUINAS, pois pretendia considerar o desenvolvimento do conhecimento humano e estabelecer um diálogo com a atualidade.




2 - ILUMINISMO E REVOLUÇÃO


Questão: Como analisar a Revolução a partir das propostas iluministas?


Esta pergunta tem sido uma preocupação de historiadores, filósofos e sociólogos


A discussão está contaminada pelas discussões do século XIX entre os defensores e os adversários da Revolução (tradicionais e conservadores)


Calazans aponta para uma relação de continuidade e ruptura entre Iluminismo e Revolução


Argumento: Revolução algo novo produzido pela ação exclusivamente humana. Portanto, traz um componente radical em relação à questão institucional;

         Mas, representa uma continuidade das idéias iluministas


         A IDÉIA DE REVOLUÇÃO JÁ ESTAVA PRESENTE no pensamento de VOLTAIRE E ROUSSEAU, que são considerados revoucionários.

         Porém se supunha que tudo se faria de forma RACIONAL, SEM VIOLÊNCIA

         O que se presenciou em 1789 foi a colocação em prática dos princípios da Ilustração Política:

         --- afirmação do direito natural contra a tradição histórica;
         --- afirmação dos direitos humanos;
         --- afimação da iniciativa humana;


         A REVOLUÇÃO LEVOU À ÚLTIMA INSTÂNCIA A IDÉIA DE LIBERDADE, por essa razão:

         A VIOLÊNCIA E A GUERRA SE TORNARAM INEVITÁVEIS.


         

A Questão do Estado Nicolau Maquiavel

A QUESTÃO DO ESTADO

     Tudo começou com Maquiavel


       Luciano Gruppi


Maquiavel compreendeu que a política é a arte do possível, que leva em conta como as coisas estão e não como elas deveriam estar. Com isso, começava a surgir o Estado moderno.

Maquiavel (Niccolò Machiavelli, 1469-1527) ao refletir sobre a realidade de sua época, elaborou não uma teoria do Estado moderno, mas sim uma teoria de como se formam os Estados, de como na verdade se constitui o Estado moderno. Isso é o começo da ciência política; ou, no mínimo, da teoria e da técnica da política, entendida como uma disciplina autônoma, separada da moral e da religião.
O Estado, para Maquiavel, não tem mais a função de assegurar a felicidade e a virtude, segundo afirmava Aristóteles. Também não é mais - como para os pensadores da Idade Média - uma preparação dos homens para o Reino de Deus. Para Maquiavel, o Estado passa a ter suas próprias características, faz política, segue sua técnica e suas pr6prias leis. Logo no início de O Príncipe, Maquiavel escreve:
“Como minha finalidade é a de escrever coisa útil para quem a entender, julguei mais conveniente tratar da realidade efetiva do que da minha imaginação sobre esta”.
Trata-se já da linha do pensamento experimental, na mesma senda de Leonardo da Vinci: as coisas como elas são, a realidade política e social como ela é, a verdade efetiva. Maquiavel acrescenta:
“Muitos imaginam repúblicas e principados que nunca foram vistos nem conhecidos realmente”; isto é, muitos imaginam Estados ideais, que, no entanto, não existem, tais como a República de Platão. E prossegue: “Pois grande é a diferença entre a maneira em que se vive daquela em que se deveria viver: assim, quem deixar de fazer o que é de costume para fazer o que seria dever encaminha-se mais para a ruína do que para sua salvação. Porque quem quiser comportar-se em todas as circunstâncias como um homem bom vai ter que perecer entre tantos que não são bons”.
Isso significa que devemos estudar as coisas como elas são e devemos observar o que se pode e é necessário fazer, não aquilo que seria preciso fazer; pois quem quiser ser bom entre os maus fica arruinado. Enfim, é necessário levar em consideração a natureza do homem e atuar na realidade efetiva.
Dessa forma, Maquiavel retoma aqui um tema que já foi de Aristóteles: a política é a arte do possível, é a arte da realidade que pode ser efetivada, a qual leva em conta como as coisas estão e não como elas deveriam estar. Existe aqui uma distinção nítida entre política e moral, pois esta última é que se ocupa do que deveria ser.
A política leva em consideração a natureza dos homens que, para Maquiavel, é imutável; de forma que a História tem altos e baixos, mas seria sempre a mesma, assim como a técnica da política (o que não corresponde à verdade). Diz Maquiavel:
“Disso surge uma dúvida: é melhor ser amado ou temido? Deve-se responder que gostaríamos ter ambas as coisas, sermos amados e temidos. Mas, como é difícil juntar as duas coisas, se tivermos que renunciar a uma delas, é muito mais seguro sermos temidos do que amados... Pois dos homens, em geral, podemos dizer o seguinte: eles são ingratos, volúveis, simuladores e dissimuladores; eles se furtam aos perigos e são ávidos de lucrar. Enquanto você fizer o bem para eles são todos teus, oferecem-te seu próprio sangue, suas posses, suas vidas, seus filhos, isso tudo enquanto você não tiver necessidade; mas, quando você precisar, eles viram as costas”.
E o príncipe que esperar gratidão por ter sido bondoso com os seus súditos, pelo contrário, será derrotado: “Os homens têm menos escrúpulo de ofender quem se faz amar do que quem se faz temer. Pois o amor depende de uma vinculação moral que os homens, sendo malvados, quebrantam: mas o temor é mantido por um medo de castigo que não nos abandona nunca”.Por conseguinte, deve-se estabelecer o terror: o poder do Estado, o Estado moderno, funda-se no terror.
Com isso, Maquiavel contradiz profundamente o que ele próprio havia escrito nos Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, isto é, que o poder baseia-se na democracia, no consentimento do povo, entendendo-se como povo a burguesia do seu tempo. Mas agora Maquiavel pensa na construção de um Estado unitário e moderno, portanto, do Estado absoluto, e descreve o que será o processo real da formação dos Estados unitários.
Maquiavel não se ocupa de moral, ele trata da política e estuda as leis específicas da política, começa a fundamentar a ciência política. Na verdade - como observou Hegel e, posteriormente, fizeram-no De Sanctis e Gramsci - Maquiavel funda uma nova moral que é a do cidadão, do homem que constrói o Estado. Uma moral imanente, mundana, que vive no relacionamento entre os homens. Não é mais a moral da alma individual, que deveria apresentar-se ao julgamento divino “formosa” e limpa.